Empresa se especializa na produção de insetos utilizados para pesquisa de biotecnologia

Pragas.com funciona como uma "fábrica de insetos" e visa o controle de pragas agrícolas

Movidos pela dificuldade em encontrar empresas especializadas na produção dos insetos que seriam utilizados para pesquisa de biotecnologia em laboratório, os agrônomos e pesquisadores Leandro Silva e Cristiane Tibola fundaram, em 2014, a Pragas.com, empresa com soluções inovadoras que viabiliza pesquisas, reduz custos e acelera o desenvolvimento de tecnologias para o controle biológico no campo e lavoura.

A Pragas.com produz tanto organismos-alvo como insumos biológicos. Organismo-alvo é usado para designar a praga que precisa ser combatida (insetos, fungos, bactérias etc). Insumo biológico denomina organismos (os mesmos insetos, fungos e bactérias) que serão usados pelas empresas de controle biológico para produzir agentes de controle em plantações. Na prática, quando um instituto de pesquisa precisa estudar o ciclo de vida de um percevejo para saber como pode ser feito o controle biológico, como eliminar percevejos das plantas e os meios de fazer isso, por exemplo, a Pragas.com fornece ovos, ninfas e adultos para este fim.

Os sócios contam que começaram a planejar a empresa quatro anos antes de iniciar o negócio. Cristiane vem da área acadêmica e se especializou em pesquisa e inovação, enquanto Leandro tem mais de 20 anos de experiência em grandes corporações. A empresa está instalada em Piracicaba (SP), por causa de uma incubação na Esalq/USP, e hoje conta com mais de 30 clientes, entre empresas, instituições de pesquisa e universidades, produzindo cerca de um milhão de insetos por semana. A previsão é de que a produção seja ampliada para 100 milhões, resultado da operação de uma biofábrica prevista para entrar em ação no segundo semestre.

Mas a produção de um inseto não é tão simples. Segundo Cristiane, é preciso reproduzir no laboratório tudo o que os insetos encontram na natureza, desde dietas artificiais para suprir a necessidade de alimentação até substratos para proporcionar condições à fêmea de botar seus ovos. A pesquisadora explica que utiliza técnicas que viabilizam ter insetos em quantidade e qualidade o ano todo, situação que não acontece naturalmente, já que a maioria desses organismos é de ocorrência sazonal, controlados por clima, estações do ano, plantas hospedeiras, etc.

Os sócios apostam alto no mercado de manejo integrado de pragas e preveem um crescimento de 15% a 20% nas vendas nos próximos anos. A pesquisadora complementa que o mercado de controle biológico para o agronegócio cresce cinco vezes mais rápido que o de produtos químicos. Isso pode se justificar devido ao elevado custo para o desenvolvimento de novos defensivos químicos (agrotóxicos), em torno de 250 milhões de dólares; o tempo para a obtenção de novas moléculas, cerca de 11 anos; e a maior demanda da sociedade por alimentos livres de resíduos químicos.

Fonte: Projeto DRAFT

→ Os temas publicados neste blog são de curadoria do presidente e CEO da GranBio, Bernardo Gradin.

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